“Não pode ser livre um povo que oprime outros povos”
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"Não pode ser livre um povo que oprime outros povos"

Carta aberta aos Portugueses e todos os cidadãos da União Europeia

Acabámos de ouvir o Sr. Presidente da República de Portugal dizer, com a autoridade do mais alto magistrado da nação, e do alto da sua proclamada sabedoria como economista, que "é bastante duro o que se impõe à Grécia, muito mais duro do que aquilo que estava na mesa antes do referendo."(sic)

Como a única alteração entre o antes e o depois, foi a vitória expressiva, nesse referendo, do NãO do povo grego ao que "estava na mesa", só pode haver uma conclusão: O Presidente da República está a dar razão à acusação que muitos fazem, incluindo prémios Nobel de Economia, de que o actual "acordo" é essencialmente uma Punição ao Povo Grego, por se atrever a expressar o seu voto, uma vez que não existe qualquer justificação para esse agravamento de um dia para o outro.

Consideramos este acto de punição um gravíssimo atentado à democracia, e intolerável em qualquer estado de direito.

Que exista hoje na União Europeia quem queira e tenha o poder de punir um povo, fechando a linha de liquidez aos seus bancos e como tal o acesso a bens essenciais, numa chantagem vergonhosa, até que o Governo desse povo se veja obrigado a ir contra o voto democrático, reafirmado em referendo, é algo que nenhum cidadão pode tolerar - muito menos um Presidente da República de uma Democracia.

Que a isso se acrescente o piorar das condições do "acordo" apenas por represália ao resultado de um voto democrático, numa clara "vacina" para que nenhum outro povo se atreva a votar "Não", torna este acto ainda mais intolerável.

Ora ouvimos o Sr. Primeiro-Ministro de Portugal, Passos Coelho, vangloriar-se de ter contribuído para a nova formulação que este "acordo" assumiu, formulação que, nas próprias palavras do Sr. Presidente da República, piorou e agravou as condições impostas ao povo grego.

Se a punição de um povo, por se exprimir democraticamente, é intolerável, mais intolerável é que um Primeiro-Ministro de uma Democracia se vanglorie de ter ajudado a esse agravamento.

Está pois o Sr. Presidente da República altamente comprometido pela sua declaração: se não demite este Primeiro-Ministro, estará a proclamar a todos os Portugueses e cidadãos europeus, que é cúmplice dessa vergonhosa política de chantagem contra o povo grego ... e contra o povo português.

Sim, porque também ouvimos o Sr. Vice-Primeiro-Ministro e líder do parceiro de coligação do Governo, Paulo Portas, afirmar publicamente que, se Portugal tivesse outro Primeiro-Ministro, solidário com o Governo da Grécia, este teria corrido a manifestar essa solidariedade e assim "aproximava Portugal do problema" (sic), numa alusão clara a que Portugal ficaria então mais próximo deste tipo de punições e apenas por manifestar solidariedade !

Qualquer Governo que governe com base na chantagem e no medo, é indigno de continuar a ser Governo numa Democracia.

Que não se esqueçam os arquitectos desta punição, que pisam a democracia e que se impõem pela força, pela chantagem e pelo medo, que nenhum povo se sujeitará indefinidamente à opressão e violação da sua dignidade.

Nas próximas eleições, teremos talvez uma última oportunidade de defender, ainda em democracia, a nossa soberania e a paz numa Europa solidária. Dando a única resposta possível a quem nos quer submeter pelo medo e pela chantagem: Não.

Pedro Ferraz de Abreu
Glória Ramalho
Vasco Lupi Costa
José Portela
Anabela Costa Neves
Carlos Miranda
Luz Moita
José Carlos Cima Gomes
Melissa Shinn
Margarida Magalhães Ramalho
Mário Augusto Carneiro
Orlando Cardoso Gonçalves
Albano Torres
Deolinda Revez
Maria Fernanda Veiga de Oliveira
Maria do Rosário Azevedo
Filomena Viegas
Maria João Salsa Brissos
João Brissos
Maria da Graça Almeida Ribeiro
Graça Maria Almeida Ribeiro
Pedro Paulo Machado Alves Mendes
Ana Luísa da Silva Costa
João André Cortesão Ferraz de Abreu
Augusto José dos Santos Fitas

Renata Sancho
Graça Costa
Gracinda Veloso da Silva
Manuel Pereira Lopes
Maria Martins Soares
Maria Olímpia Lopes Baptista Alves
Olga Moura
Ana Maria Alistão Rodrigues
Márcio André Santos Lopes
José Gago da Silva
Margarida Graça
Manuel Orlando da Silva Pina
João Carlos Silva
Ana Cabral
Marta Filipe Mendes
Sandra Cristina Antunes de Oliveira
Francesca Savoldi
Inês Fagundes Gonçalves
Maria Teresa Parada Ramos
Elisabete Albergaria Amaral e Sousa
Manuel Carneiro Campos
Maria Cristina Barata Fernandes Carneiro Campos
Tomás Caeiro Pinto Nogueira
Helena Mascarenhas
José Manuel Vasconcelos


Quem quiser subscrever deve enviar nome, identificação, cidade e País (obrigatório), contacto telefónico directo (opcional), para pfa@mit.edu.

Nota: A nossa única preocupação, por razões eticas, de transparência e seriedade, é listarmos nomes de subscritores correspondentes a pessoas reais. Garantimos que em caso algum divulgaremos tais dados, seja a quem for e a que pretexto for.

Enviado pelos primeiros 25 signatários na 2a feira, dia 20 Julho 2015, aos meios de comunicação social, a redes sociais, em Portugal, e no estrangeiro, como "Carta aberta aos Portugueses e todos os cidadãos da União Europeia" de cidadãos indignados, que lutaram e lutam pela liberdade e democracia, antes e depois do 25 de Abril.

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Fontes das citações:

  • Cavaco e Silva

  • Paulo Portas

  • Passos Coelho : repetido à exaustão em todas as estações TV e varios outros media


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